Kira Marula Cream

Pelo direito de escolha

Kira é um licor 100% angolano, a base de aguardente, natas e extrato de marula, uma fruta originária da África Subsariana. É uma bebida que concorre diretamente com o licor Amarula, uma das marcas mais fortes do mundo na categoria de licores.

Uma categoria pouco conhecida

O principal desafio deste projeto foi como posicionar um produto cuja categoria é pouco ou nada conhecida no mercado angolano. Os angolanos, de acordo com pesquisas feitas pela nossa equipa, gostam de bebidas mais doces e o consumo de licores é feito majoritariamente pelo público feminino. Mas o consumo de licores é mais voltado para os que tem base de vodka, e os de base de natas são pouco consumidos.

Assim, foi necessário, antes mesmo de criar a identidade visual da marca, criar uma “alma” para o produto, sem poder me apoiar na categoria no qual o produto se enquadra. Inicialmente, havia somente o logo e embalagem.

 

A abordar um problema de frente

Também baseado em pesquisas socioculturais de Angola, foi detetado que existe uma grande diferença na forma que os géneros são tratados. Por isso, assumimos todos o risco de tratar o produto como um instigador de mudança social e criar assim um posicionamento feminista para a marca. Mas não um feminismo superficial, mas a tratar de assuntos delicados, como diferença salarial, as diversas formas de misoginia e, principalmente, a liberdade feminina. Sobre este último tema, detetamos que o produto poderia amplificar a voz das mulheres e dá-las o direito de escolha sobre questões sobre a sua própria existência. Assim, junto com uma equipa formada por um redator publicitário, estrategas e pesquisadores, chegou-se ao conceito:

Kira. Esta é a minha escolha.

Este conceito pode, superficialmente, apontar que a bebida pode ser escolhida pelas mulheres. Mas em segunda leitura, mais aprofundada, chega-se a um grito por justiça social forte e agregador.

 

Uma conversa horizontal

Posto o conceito da marca, surge agora um novo desafio. Como comunicar a marca de forma a manter não se perder as características do produto e acrescentar agora essa nova camada social. Afinal, “hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”. A marca é sim um grito e trata de temas difíceis de engolir, mas a identidade visual deveria horizontalizar o discurso e transformá-lo numa conversa empoderadora. E, como numa conversa, gritar quase nunca é a melhor opção; para se fazer ouvir, um diálogo “olho no olho” é mais eficiente. Assim criei a identidade de kira, mensagens fortes mas passadas de forma agradável.

A identidade é composta por duas formas distintas, mas complementares: fotos reais, como no key visual acima e aguarelas:

Paleta de cores e formas

O desenvolvimento da paleta foi baseado na cor do produto e um resgate de Angola, não a bandeira, mas as cores que se observa pelo país: tons crus e terrosos. E as formas curvas dão movimento e deixam a identidade mais agradável e orgânica.

Composição de texto

O título nas peças de comunicação tem um protagonismo inerente ao conceito, são muitas vezes frases de empoderamento, outras vezes provocações, ou ainda informativas. Assim, como tipografia principal, escolhi uma fonte handmade, com composição mais natural e fluída. Para textos complementares, escolhi uma tipologia forte e de fácil leitura.

Fotos e vídeos

Para manter o conceito forte sempre presente nas peças de comunicação, as fotos escolhidas sempre apontam para uma mulher empoderada e verdadeira, sem artificialidades. São sempre mulheres do cotidiano angolano.

Ilustrações

A escolha pelo estilo de aguarela para as ilustrações, além de lindas, se deu para além da estética. É um estilo no qual o comportamento da tinta se dá de forma orientada, mas livre e expansiva, da mesma forma como quero que a mensagem seja percebida.

Da teoria à prática

A partir das regras criadas, venho desenvolvendo peças de comunicação para as redes sociais. Entre posts, stories e reels, seguem alguns exemplos:

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